11 de jul. de 2008

Por onde havia andado não sei. Mas o rosto esquálido, a pele enrugada e um olhar de medo e desconfiança causavam tristeza. as palavras desconexas e os cabelos brancos davam mesmo a impressão de demência. Aquele velho abandonado num ponto de ônibus, realmente causou em mim uma sensação estranha.
Aquela sensação me perseguia, mesmo quando entrei no trabalho. mecanicamente exerci minhas funções mas seu olhar de fogo era como um vigia atento. De repente sou interrompido em minhas cogitações pela voz veludosa de Manuela. Voz firme e sensual como uma canção de jazz.
- Não conseguia entender esse e-mail enviado pela loja Centrix.
- Pede para enviar uma segunda via do pedido pois a original foi extraviada.
- Qual o código que devo digitar o do produto ou da loja? - pergunta-me -
Respondo qualquer coisa querendo ficar sozinho outra vez, mas ela insiste em contar sobre a nova secretaria da diretoria. O perfume que exala do seu corpo é doce tão aveludado quanto a voz. Tento olhar nos olhos dela, mas não consigo sustentar o olhar. A menina perfumada tem um olhar penetrante e misteriosa. A associação é inevitável: "Olhos de ressaca oblíquos e dissimulados".
Um vestido rosa bem claro com alças leves conseguem manter seus belos seios hirtos e firmes imagináveis, mas não visíveis próximo ao meu corpo. Não tenho como me manter atento ao que ela diz, minha imaginação vaga entre a visão do velho abandonado na praça e essa beleza baiana aqui tão próximo.
- Você sabe que ela é formada em administração? pois é, numa dessas faculdades EAD! E o pior usa sempre aquele português pedante dos gramáticos!
E continua descrevendo com todos os detalhes possíveis os defeitos da nova funcionária.
Sua antipatia por certo devia ser causada pela beleza da outra. Não precisava. Sua pele morena, apenas realçava mais a beleza impudica...

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